Telemedicina no SUS: pode ser tão confiável quanto o atendimento presencial?

Uma visão institucional do CEANNE sobre a evolução, segurança e impacto da teleneurologia no Brasil

A telemedicina consolidou-se como uma das maiores transformações tecnológicas na área da saúde, especialmente após a pandemia de COVID-19. No campo da neurologia, essa modalidade evoluiu rapidamente, permitindo diagnósticos mais precisos, condutas mais seguras e redução significativa de encaminhamentos e internações desnecessárias — pontos fundamentais para aumentar a eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS).

O CEANNE, presente em dezenas de hospitais no Rio Grande do Sul e em São Paulo, tem acompanhado de perto essa evolução. Nosso compromisso institucional é integrar tecnologia, ciência e humanização para ampliar o acesso à neurologia especializada em todo o país.

O que os estudos mostram?

Pesquisas recentes demonstram que, quando aplicada dentro dos critérios éticos e técnicos estabelecidos, a telemedicina — especialmente a teleneurologia — oferece resultados tão confiáveis quanto o atendimento presencial, com importantes vantagens adicionais:

  1. Efetividade diagnóstica

Testes cognitivos como Mini-Mental e MoCA apresentaram alta correlação entre versões presenciais e remotas.

Protocolos por videoconferência para doenças como Alzheimer, epilepsia e demências mostraram equivalência diagnóstica.

  1. Redução de custos e otimização de recursos

A teleneurologia reduz encaminhamentos desnecessários para especialistas, desafoga emergências e acelera tomadas de decisão.

Há economia no deslocamento dos pacientes, no uso de transporte sanitário e no tempo de profissionais e estruturas hospitalares.

  1. Desfechos mais rápidos em emergências neurológicas

Em AVC, estudos apontam redução do tempo para diagnóstico e início do tratamento quando há suporte remoto especializado.

Isso se traduz em menos sequelas e maior sobrevida.

  1. Satisfação do paciente e adesão ao acompanhamento

Pacientes com Parkinson, Huntington e outras doenças crônicas relataram elevada satisfação com consultas remotas.

Consultas de seguimento tornam-se mais acessíveis, reduzindo abandono terapêutico.

A telemedicina no SUS: evolução e regulamentação

No Brasil, a telemedicina passou a ganhar força com o Programa Telessaúde Brasil Redes (2007) e foi regulamentada emergencialmente durante a pandemia. Hoje, conta com diretrizes claras definidas pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM 2.314/2022), que estabelecem:

Segurança da informação e prontuário eletrônico

Regras para teleconsulta, teleinterconsulta, telediagnóstico e telemonitoramento

Direitos do paciente e necessidade de consentimento

Exigência de médico responsável, registro e certificação digital

Essas normas permitem que a telemedicina seja incorporada de forma segura, ética e integrada ao sistema público.

Por que a teleneurologia é estratégica para o Brasil?

O país enfrenta déficit de neurologistas, sobretudo em áreas remotas. Há regiões com menos de 1 neurologista por 100 mil habitantes, enquanto a média ideal seria muito superior.

A teleneurologia:

democratiza o acesso ao especialista

diminui desigualdades regionais

qualifica a triagem e o fluxo entre atenção básica e especializada

evita deslocamentos longos e custosos

melhora a resolutividade nas unidades de saúde

Para o SUS, isso significa mais eficiência, mais segurança clínica e melhor uso dos recursos públicos.

A posição institucional do CEANNE

Como centro de referência em neurologia e neurocirurgia, o CEANNE atua desde antes da pandemia no desenvolvimento de modelos seguros e escaláveis de teleneurologia, com:

protocolos assistenciais padronizados

suporte telefônico e por vídeo 24h em diversas unidades

integração com emergências

telediagnóstico de exames neurológicos

apoio técnico e formação continuada para equipes locais

A experiência acumulada demonstra que a telemedicina, quando estruturada com rigor técnico e científico, não apenas se equipara ao atendimento presencial, como potencializa toda a rede assistencial.

Conclusão

Sim — a telemedicina pode ser tão confiável quanto a medicina presencial, inclusive dentro do SUS.
As evidências científicas reforçam que a teleneurologia:

amplia o acesso

melhora a precisão diagnóstica

reduz custos desnecessários

acelera desfechos em emergências

aumenta a eficiência do sistema

favorece a integração entre equipes

O CEANNE reconhece a teleneurologia como um pilar estratégico para o futuro da neurologia no Brasil e seguirá investindo em inovação, qualidade e segurança para tornar essa tecnologia cada vez mais acessível à população.

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