Custo-efetividade da telemedicina e a regulação de teleneurologia no Brasil

O artigo revisa a literatura disponível para avaliar se a telemedicina neurológica é custo-efetiva e quais são os caminhos necessários para sua regulamentação adequada no Brasil. A análise abrange estudos nacionais e internacionais, com foco nos impactos econômicos, clínicos e organizacionais da teleneurologia.

Principais achados

  1. Crescimento do uso da telemedicina no Brasil

Antes da pandemia, apenas 18,5% dos neurologistas utilizavam telemedicina.

Após seu início, o número subiu para 56,2%, demonstrando adoção acelerada e ampla aceitação.

  1. Redução de custos e aumento de eficiência

A telemedicina demonstrou:

Consulta virtual custando cerca de US$ 30, contra US$ 150 da consulta presencial.

Redução de até 20% nos custos de saúde, ao diminuir:

internações

transferências

sobrediagnósticos

consultas presenciais desnecessárias

Melhora de até 30% na qualidade de vida, por reduzir deslocamentos e tempo de espera.

Aumento de precisão diagnóstica em até 40% com a participação de especialistas à distância.

Aumento da adesão ao tratamento em até 50% em doenças neurológicas crônicas.

  1. Evidências internacionais

Estudos da Europa, EUA e Ásia demonstram:

Redução do tempo de deslocamento e espera.

Alta satisfação de pacientes e médicos.

Melhora de desfechos clínicos.

Programas de telestroke custo-efetivos, com ICERs favoráveis e redução de mortalidade.

  1. Aplicações específicas que demonstram custo-efetividade

Doença de Parkinson: economia média de € 2.017 por paciente/ano e aumento de QALY.

Epilepsia: economia de US$ 278/paciente/ano, sensibilidade de 96% e especificidade de 94% em EEG remoto.

Esclerose múltipla: economia de US$ 2.824/paciente/ano.

Demência e distúrbios do sono: melhores indicadores clínicos e redução de custos indiretos.

  1. Desafios da teleneurologia

O artigo destaca que a expansão plena exige:

Infraestrutura tecnológica adequada.

Regulamentação legal clara (ética, privacidade, sigilo).

Capacitação de profissionais de saúde.

Modelos de financiamento sustentáveis dentro do SUS.

Sem esses elementos, a implementação fica limitada e desigual.

Conclusão

A teleneurologia é claramente custo-efetiva, melhora o acesso, reduz gastos e aumenta a qualidade do cuidado. A evidência aponta que ela deve ser integrada aos serviços de saúde do Brasil, especialmente no SUS, onde sua adoção pode reduzir desigualdades e otimizar fluxos de atendimento.

No entanto, a consolidação definitiva depende de regulamentação robusta, padronização de protocolos e políticas que garantam sustentabilidade dos programas.

Veja o artigo – Custo-efetividade da telemedicina e a regulação de teleneurologia no Brasil